Design intuitivo não tem nada de esotérico!
Na era do prompt a intuição faz todo sentido
A prática para aprender a destravar sua intuição e criar com impacto real está no fim do artigo. Use sem moderação, risos, va bene?
Quando começo a falar sobre intuição em análise de tendências nas salas corporativas italianas, um silêncio glacial se instala: os olhares se tornam fixos, carregados de um ceticismo que pesa no ar. Sinto-me sempre uma voz destoante num universo dominado por algoritmos e métricas precisas. Como dizemos aqui, a nova guru fuffa! Risos.
Eu entendo (e você também, se è designer como eu ou arquiteta): o mundo corporativo contemporâneo criou uma blindagem contra o intangível.
A intuição se torna cada vez mais valiosa na nova sociedade da informação justamente porque há tantos dados. - John Naisbitt, inventor das megatrends e grande pesquisador de futures studies
Eu sei que estou tocando num nervo sensível e sei que você também pode ser um profissional treinado para desconfiar do que não pode ser imediatamente quantificado. Mas lembre-se que a verdadeira inovação sempre existiu nos espaços entre os números, nas conexões que só um cérebro humano experimentado consegue fazer.
Te dou 2 exemplos bem fáceis de lembrar - usamos eles todos os dias:
James Dyson enfrentou 5.126 protótipos fracassados antes de criar seu revolucionário aspirador de pó sem saco sabendo que os dados de mercado sugeriam que os consumidores estavam satisfeitos com o modelo tradicional de aspiradores. Os relatórios de marketing indicavam altíssimo risco em investir numa tecnologia radicalmente diferente, mas a intuição de James o levou a observar como os sistemas de filtragem industrial funcionavam e ele viu conexões que nenhuma análise de dados isolada conseguia capturar. Sua persistência transformou o mercado de eletrodomésticos.
E a Apple? Quando Jobs decidiu remover o teclado físico de seus telefones, foi contra os dados da época. Mas a equipe de design da Apple tinha uma intuição de que uma experiência de tela sensível ao toque completa abriria uma nova maneira para os usuários interagirem com seus dispositivos. A intuição deles não era um palpite — ela estava enraizada na experiência e na observação, informada por seu profundo entendimento do comportamento do usuário.
E aì? Vamos de prompt ou de pensamento intuitivo?
Com a explosão de tecnologias como o ChatGPT, a tentação de delegar toda decisão a sistemas de inteligência artificial è irresistível, mas o que muitos não compreendem é que a intuição não é um conceito místico ou etéreo - é uma sofisticada ferramenta de projeto e concretização de ideias.
Sim, historicamente marginalizada, rotulada como um conceito nebuloso, quase esotérico, vero? Mas eu sei e no fundo, você também sabe, que os grandes arquitetos e designers que reimaginaram nossas cidades e espaços internos, por trás de cada traço revolucionário usaram um conhecimento profundo que transcende a linguagem objetiva.
Ela, a intuição. E defino ela assim, como escrevi no Manual de Coolhunting:
Intuição è Formação (bakground) mais Informação (enxergar o que se vê)
E è isso mesmo: estudos recentes em neurociência cognitiva revelam que a intuição não é um golpe de sorte, mas um sofisticado processamento mental!
Pesquisadores da Universidade de Cambridge demonstraram que intuição é na verdade um sistema de reconhecimento de padrões desenvolvido através de décadas de experiência acumulada, onde o cérebro processa informações em níveis subconscientes com uma velocidade e precisão surpreendentes.
Mas, infelizmente, no atual ecossistema de design, os dados se transformaram em um tirano silencioso: não apenas informam, mas frequentemente ditam decisões criativas.
Nosso queridinho, o MIT Media Lab (laboratório nos Estados Unidos que faz parte do departamento de pesquisa da escola de Arquitetura e Urbanismo do MIT) mostrou que 78% dos designers entrevistados sentem pressão para validar cada escolha com métricas quantitativas, sufocando a inovação radical.
Mas os números, por mais precisos que pareçam, não capturam a essência da experiência humana.
Eu digo isso porque eles são instantâneos, um frame, não o filme completo!
E aqui a intuição não é uma alternativa aos dados, mas seu complemento essencial. É o resultado de um processamento cognitivo refinado, nutrido por observação meticulosa, experiências diversas e uma compreensão profunda de contextos humanos e ecossistemas socioculturais que nenhuma planilha consegue mapear completamente.
A Dyson e Apple viram além dos dados. E quando eles deram o salto, viraram produtos revolucionários, apesar da hesitação inicial demonstrada pelos primeiros dados.
Então, esse è o mood se eu quiser continuar intuindo:
Grandes designers ou arquitetos não escolhem. Eles sentem, processam e antecipam e a intuição deles é um músculo treinado, não um golpe de sorte místico porque é a capacidade de ver conexões invisíveis, de compreender necessidades antes mesmo que sejam articuladas.
Sentir. Processar. Antecipar. Como? Aqui tem um método e è todo seu!
Riccorda quando Zaha Hadid falava sobre sua arquitetura fluida e dinâmica? Ela não estava simplesmente expressando uma visão pessoal; ela captava as dinâmicas do mundo contemporâneo antes mesmo que estas se tornassem evidentes para o restante de nós.
Seu processo criativo, como o de muitos Prêmtios Pritzker, era altamente intuitivo, mas também meticulosamente embasado em experimentação e pesquisa.
O que nos leva a um ponto crítico: a intuição não é uma força irracional, mas um sofisticado mecanismo de síntese (o famoso Enxergar o que você está vendo)que só os mais preparados dominam.
O designer italiano Achille Castiglioni dizia que "se você não é curioso, esqueça". E então, curiosidade e experiência formam a base da intuição, e é por isso que designers e arquitetos visionários conseguem prever tendências e criar espaços que dialogam com o futuro.
Mas, como desenvolver uma intuição afiada no design e na arquitetura?
Como transformar percepções intangíveis em projetos concretos e impactantes?
Esse é um caminho de aprendizado, observação e experimentação que exige exposição a diferentes culturas, história, tecnologia e um olhar atento ao zeitgeist.
Se você quer aprender a sistematizar esse processo e transformar sua intuição em uma ferramenta estratégica de projeto, convido você a explorar outras reflexões sobre design, arquitetura e metatendências aqui.
Pois os profissionais que moldam o futuro são aqueles que sabem escutar sua intuição e, ao mesmo tempo, sabem como traduzi-la em inovações tangíveis.
Resgate seu processo intuitivo aqui com a Mindfulness de Projeto. Não precisa fazer nada além de estar presente… Pratique e aplique. Seus projetos (e sua vida) agradecem!
E se quiser Enxergar o que vai Ver na MDW este ano, não perca este guia especial:
Guia essencial para Enxergar o que está Vendo na Milan Design Week
Todo ano, é a mesma coisa: nosso feed se enche de posts sobre a nova grande tendência do Salone del Mobile, e influenciadores chamam a nossa atenção com estandes instagramáveis, instalações monumentais e conceitos bem embalados.