O que significa a Visão Sistêmica da vida
Você sabia que a mente, sem o corpo, não pode existir e que a conexão entre esses dois elementos é essencial para nossa sobrevivência?
Neste Natal recebi de presente um livro maravilhoso: Vita e Natura, Uma Visão Sistemica, de Capra e Luisi, que você pode adquirir aqui e que, resumindo muito, trata (também) de um grande mito: a separação entre mente e corpo, paradigma que está na base da visão sistêmica da vida.
Fritjof Capra, físico e teórico de sistemas, tem se empenhado em um exame sistemático das implicações filosóficas e sociais da ciência contemporânea nos últimos 35 anos. Pier Luigi Luisi foi professor de Bioquímica na Universidade de Roma e sua principal pesquisa se concentrava nos aspectos experimentais, teóricos e filosóficos das origens da vida.
Ainda não terminei (prometo deixar a resenha por aqui aos leitores assinantes, me cobrem!) mas entendi que a cultura ocidental apoia sem pensar a chamada dicotomia mente-corpo, ou seja, a separação entre o que é da mente e o que é físico. Nós pensamos que nossa parte racional, que toma decisões conscientes, é mais importante que a parte física, mas não é o caso: mente e corpo não são apenas partes separadas, mas são um único sistema, em conexão contínua.
Poucos de nós estamos acostumados a pensar sobre o conceito de unidade mente-corpo justo porque consideramos o corpo como uma ferramenta, uma máquina que nos permite atingir nossos objetivos: e assim, ai dele se não faz o que queremos, quando precisamos.
No resto do tempo, tentamos silenciá-lo o máximo possível, esperando que ele não interfira nas atividades do nosso eu consciente, que consideramos a parte mais importante de nós mesmas. Que loucura.
A mente, sem o corpo, não poderia existir e a conexão entre esses dois elementos é essencial para nossa sobrevivência e tem raízes em nossa genética. Durante a gestação, cada órgão, incluindo a pele, surge de uma única célula. É completamente aleatório qual parte dessa célula inicial irá se desenvolver nas diferentes partes do corpo. Tudo surge da mesma substância primordial, incluindo a atividade mental.
Por isso, esta è uma das implicações filosóficas mais importantes do nosso novo século: a da nova compreensão sistêmica da vida, uma nova concepção de mente e consciência, que finalmente supera a divisão cartesiana entre mente e matéria. Seguindo Descartes, cientistas e filósofos por mais de 300 anos continuaram a pensar na mente como uma entidade intangível (res cogitans) e foram incapazes de imaginar como essa “coisa pensante” está relacionada ao corpo.
O avanço decisivo da visão sistêmica da vida foi abandonar a visão cartesiana da mente como uma coisa e perceber que mente e consciência não são coisas, mas processos. Este novo conceito de mente é conhecido hoje como a teoria de Santiago da cognição, também desenvolvida por Maturana e Varela na Universidade do Chile em Santiago.
E o insight central da teoria de Santiago é a identificação da cognição, o processo de conhecimento, com o processo da vida: cognição é a atividade envolvida na autogeração e autoperpetuação de redes vivas. Assim, vida e cognição estão inseparavelmente conectadas.
Resumo: mente e corpo são uma coisa só.
E o insight central da teoria de Santiago é a identificação da cognição, o processo de conhecimento, com o processo da vida: cognição é a atividade envolvida na autogeração e autoperpetuação de redes vivas.
Assim, vida e cognição estão inseparavelmente conectadas. E neste cenário, obedecemos a 4 princípios:
Princípio 1: a vida organiza-se em redes
Princípio 2: a vida é inerentemente regenerativa
Princípio 3: a vida é inerentemente criativa
Princípio 4: a vida é inerentemente inteligente
Complemente esta leitura aqui.
ps.: E vou detalhar cada um destes 4 princípios em um próximo post, aguarde!