O novo design não fala de espaço - se ocupa de Healthspan.
As trends do Milan Longevity Summit
Saí do Milan Longevity Summit agora com a mente fervilhando e os pés doloridos - foram 6 dias que transformaram minha visão sobre o futuro, sobre mim mesma e sobre a nossa atuação como designers ou arquitetos…
Enquanto tentava estar no tempo de um workshop para outro, rabiscando insights em moleskines já abarrotadas e, claro, mandando prints para todas as amigas pesquisadoras do tema, uma pergunta me perseguia: o que uma designer obcecada por tendências estava fazendo em meio a cientistas, médicos e tech bros falando de longevidade?
A resposta veio como um raio agora no caminho para casa: estamos todos conectados por fios invisíveis. E foi aí que o Fuorisalone 2025 e seu tema Mondi Connessi: il design come tessuto del futuro subitamente fez um sentido profundo…
Quero te contar esta visão, pois vai ser essencial para seu projeto no próximo biênio. Acompanhe:
Você já percebeu como as fronteiras estão se dissolvendo? Não falo apenas de países – falo de disciplinas, de conhecimentos, de mercados inteiros que antes existiam em universos paralelos.
E o design que apenas desenha móveis bonitos está morrendo ou a arquitetura que busca apenas. E que bom que está.
O que emerge é algo mais profundo: um design que respira junto com a neurociência, que pulsa com a medicina preventiva, que se expande com a filosofia e se reconecta com saberes ancestrais.
Um design que não apenas ocupa espaço – mas cria tempo. Mas um tempo de vida com qualidade, que os médicos no summit chamaram de Healthspan.
Diverso de Lifespan, Healthspan è o número de anos que alguém vive ou pode esperar viver com saúde razoavelmente boa.
Porque, sejamos sinceras: não viveremos 100 anos se forem vividos em espaços que nos adoecem!!!
Como podemos falar em bem-estar se nossas casas, escritórios e cidades são desconectados de nossa natureza mais profunda?
Vim para casa pensando em como isso poderia ser resolvido por vocês e emergiram 3 caminhos que venho obsessivamente investigando:
Caminho 1 | O design pode combater a epidemia de solidão
A solidão é considerada uma das grandes crises de saúde pública do nosso tempo e alì vimos que criar espaços que favorecem encontros espontâneos, interações autênticas e senso de pertencimento é um dos desafios mais urgentes para o design e a arquitetura.
Áreas comuns bem planejadas, layouts que incentivam a socialização e o uso da luz e das cores para estimular conforto emocional são estratégias fundamentais para um design mais humano e conectado.
Aprofunde aqui este tema.
Caminho 2 | Uma casa que evoului comigo e com a minha família
"Me conte sobre sua rotina matinal," perguntaram a uma centenária durante o Summit. Sua resposta me fez repensar completamente como deve ser feito um projeto de apartamento…
Os espaços do futuro não são estáticos – são coreografias. Paredes deslizantes que transformam um escritório em sala de meditação. Móveis que se adaptam ao seu corpo à medida que você envelhece. Tecnologia que desaparece quando não é necessária.
A "casa líquida" não é um conceito abstrato – é a única resposta possível para vidas que se estendem e se transformam constantemente.
Caminho 3 | Ambientes que curam e aquecem o coração
"Este lugar me dá arrepios," você já disse isso? Não é superstição – é seu cérebro processando informações que sua mente consciente nem registra.
Um dos talks mais impactantes do MIlan Longevity Summit demonstrou como o simples ajuste na temperatura de luz pode aumentar em 34% nossa capacidade cognitiva à tarde e como texturas específicas podem reduzir sintomas de ansiedade.
E ainda: como certos layouts espaciais facilitam conexões sociais significativas.
Caminho 4 | O Design Biofílico è já bem conhecido:
Não é coincidência que durante o lockdown todos viramos "plant parents". Precisamos da natureza não como decoração - com alguns lidam com o design biofìlico - mas como cura.
Esta semana vi paredes de musgo vivas regulando a umidade em escritórios e toquei madeiras tratadas com técnicas milenares japonesas que liberam compostos que fortalecem nosso sistema imunológico…
Por isso o luxo do futuro? Ar limpo. Luz natural. Silêncio. Conexão.
Para mim, foi a conexão que faltava:
O que conecta o Milan Longevity Summit ao Fuorisalone não é coincidência – é necessidade. É urgência. É o futuro batendo à porta enquanto ainda discutimos tendências de cores para a próxima estação.
Por isso, no nosso Trend Report, que te convido a participar no dia 26 de abril (aqui), não falamos apenas tendências – trazemos um mapa para navegarmos juntos por águas desconhecidas.
Alguns insights você já pode acessar abaixo:
Revelados os Arquétipos da MDW'2025:
A análise de metatrends durante a Milan Design Week não é apenas um exercício intelectual, mas uma necessidade estratégica; é nela que conseguimos mapear quais produtos e conceitos realmente deixarão sua marca no mundo e quais se dissolverão como meras experimentações efêmeras
E se estiver por aqui, recomendo o Guia para ver as Trends no Salone – Como acompanhar o que importa ? (link aqui)
Eu também estou tentando entender este mundo que se transforma rapidamente demais…
A diferença é que decidi mergulhar de cabeça nas perguntas difíceis, nos territórios inexplorados, nas conexões improváveis.
Se você se sente como eu – fascinada e assustada em partes iguais com o futuro que estamos desenhando – temos um encontro marcado.
Traga suas dúvidas. Suas inseguranças. Seus insights. Vamos tecer juntas os fios que conectam estes mundos.
O futuro aguarda. E prometo: não será apenas mais um evento – será o início de um estudo juntas que pode transformar sua visão de design para sempre.
E talvez, assim como aconteceu comigo em Milão, você saia com os pés doloridos, mas com o coração transbordando de possibilidades.
Mondi Connessi e temas-chave:
Dentro dessa perspectiva, trago aqui alguns insights que exploramos em outros artigos e que são essenciais para entender o momento que estamos vivendo:
📌 Arquétipos no Design – O que os arquétipos revelam sobre a forma como criamos e habitamos espaços? (link aqui)
📌 Intuição no Processo Criativo – Como o futuro do design passa pela reconexão com a intuição? (link aqui)
📌 Crise Criativa e Burnout – Por que o esgotamento está moldando novas abordagens no design e na arquitetura? (link aqui)
Se você quer estar à frente do que realmente importa no design e na arquitetura, te espero no dia 26 de abril para nossa talk especial sobre o Fuorisalone e Salone del Mobile, onde também vamos distribuir nosso Trend Report exclusivo.
Não fique de fora dessa conversa. Inscreva-se agora!
E ci vediamo a Milano, un bacio, Fah.
Excelentes textos Fah, vou começar a mergulhar pelo seu mundo aqui. Com certeza serei um leitor assíduo. Tive o prazer de acompanhá-la em Milão neste ano pela Dexco. Dentre as várias conversas enriquecedoras, consegui alguns minutos de conversa a sós com a Carol enquanto caminhávamos por Brera. Na situação, discutimos muito sobre exatamente isso que a Rafaela mencionou. E me veio a dúvida de como atender as exigências do mercado e ao mesmo tempo criar espaços funcionais com responsabilidade. Confesso que é uma briga difícil. Foi quando a Carol mencionou a influência da arquitetura e do design na epigenética , e como somos responsáveis por mudanças e comportamentos tão importantes na vida das pessoas. Tenho estudado muito sobre isso desde então. Me fez refletir, como minhas decisões na prancheta impactam diretamente na saúde dos meus clientes.
A arquitetura e o modo de viver tem um impacto enorme na vida de um indivíduo.
Como uma pessoa que morou 33 anos em Balneário Camboriú e trabalhou na house de uma incorporadora de luxo, muitas vezes lá em 2011 me questionei o porque as suítes das “crianças” ou as suítes Masters não tinha a possibilidade de, por exemplo, acessibilidade?
Imaginando no futuro, as portas estreitas que não passam uma cadeira de rodas ou um andador… Não que imagino um morador cadeirante, eu imagino as possibilidades do pode ou não acontecer…
Estamos vivendo mais, descobrindo novos caminhos, mas a arquitetura se faz conta do o mm do custo de uma porta de 90cm caia para 70cm… se em algum momento esse morador precisar temporariamente de uma cadeira de roda, ele não acessa o próprio banheiro…
Pisos polidos, frios, escorregadios… pessoas que assinam um termo com arquiteto sabendo que o polido não deve ser usado no box de banheiro, mas desejam pelo brilho e pela superfície lisa que erroneamente é escolhida por ser “mais fácil de limpar”.
Janelas cada vez menores, o vidro é caro, entrada de luz natura escassa…
Prédios que parecem poleiros de luxo, um grudado no outro… onde o projeto não pensa no futuro vizinho que diminui a circulação de ar, a incidência de luz natural…
Ai do dia para a noite as incorporadoras se dão conta que a população está envelhecendo, então criam prédios que só 50+ pode morar, e logo do lado já integrado uma torre que será comercializada apenas para clínicas, hospitais e profissionais da saúde… imagina agora… eu com 50 anos, morando em um prédio só de 50+ se eu precisar de ajuda faço o que? Ligo para o bombeiro… se eu quero conversar com pessoas alegres e com outras perspectivas preciso ir a um clube, pois minhas vizinhas já estão beirando a menopausa… todos com problemas semelhantes, afinal de contas para morar ali viemos de uma situação semelhante…
Ao invés de estimular eu imagino que meu sistema cognitivo vá morrendo ainda mais rápido pouco a pouco…
Hoje a mesma casa é habitado por crianças, pais e avós… a arquitetura nunca se preparou para esse momento…
Por isso gasta-se matéria prima para construir, desperdiça matéria prima pq tem que reformar… e no meio de tudo isso acontece a vida.
Projetos líquidos é uma boa perspectiva, mas já vejo eles muito mais gasosos como ideia de ideal…
Tão volátil e personalizável e mutável quanto o indivíduo pode ser ao longo da vida.
Adoro seus textos Fah! Eles sempre me fazem refletir bastante 🥰 muito obrigada por isso!